6 de dezembro de 2011

fake

fico aqui vendo, como é velho seu pensamento
fruto da hipocrisia do seu lamento
tento, juro que tento, mas não entendo
como é falso todo esse seu ornamento
descanse só esse momento
tal quel um azedo fermento
e mostra tota realidade do seu tormento

16 de novembro de 2011

Apocalipse

Quando heróis nascem mortos
Deus cospe sobre nossos corpos
Não existem vilões, apenas coalizões
Nem demônios, nem anjos... Gabriel
Restam as superstições, Azazel

8 de novembro de 2011

sim

Um dia, algum tempo atrás
Disseram-me não
Nos dias seguintes
Sucessivamente
Mais e mais nãos

Enfim, outro dia desses
Ela disse um só sim
Nunca mais precisei de nada
Para viver assim
Feliz, até meu fim

1 de novembro de 2011

Oração

Dia de todos os santos
Invoco o protetor
Deus, pai e avô
Anjo da guarda e zelador
Da terra o cabloco rezador

Dia do meu único santo
José dos Santos
Quincas, grande peleador
Trava guerras com minha língua
E derrota com amor

Dia do anjo santo
Salve a morte e a redenção
Sigo debaixo da fumaça
De cigarro velho de palha
Forjado de causos, ele que nos valha

Dia do santo anjo do senhor
Sua cultura
Minha carapaça
E a espada
Nossa toada

6 de outubro de 2011

Nunca desisto,
Eu insisto
Afinal, meu pensamento,
Não é como seu
Insistentemente, omisso

outros tempos, outro dia, o mesmo absurdo

O passado é descendente
Desse futuro demente
Um absurdo profano
Da vida ano a ano

As crenças são pedras
Qual rasgos de duras cerdas
O absurdo insano
Da condição de humano

Aos trinta segundos
Dos trinta anos
Há um absurdo rosnando
Do calcanhar ao âmago

O desalento do desprendimento
Dessa vida ao relento
Verdadeiro absurdo
Ainda gritar mesmo mudo

18 de maio de 2011

Noite (ou trevas)

Amargo
Um gole de cansaço
Azedo
Como meu cheiro
Catarse do desespero

Afago
Um bocado de solidão
Amarelo
Como meu dedo
Calamidade do medo

Arrocho
Um naco de miséria
Ácido
Como meu asco
Comicidade do zelo

Apago
Um raio de luz
Agudo
Como meu sono
Cúmplice do erro

18 de fevereiro de 2011

"Um ponto nunca é só ponto, é ponte. Passarela que une na espera do que foi, e do que vai vir. O ponto, mesmo o final, é sempre portal. Entre o que foi dito e o que será escrito. Ponto, quase umbral, onde pensamentos esperam buscando o entendimento. Logo, ponto é apenas um ponto. Ponto de encontro, onde decidimos se continuamos. Por bem, ou por mal."
""Enfim posso viver em câmera lenta. O coração quase sem bater, é sinal do “estar” de você. Prefiro desacelerar. Assim, tenho mais tempo para contemplar. A pulsação quase inerte não é prefácio do fim. Apenas conforto do “estar” em você. Simples consciência da dádiva do “estar” você em mim."

relatividade

Sigo trilhas de suspiros
De olhos bem fechados
O que orienta são sorrisos
No silêncio que grita
Guiam também tons amorosos

Procuro encontrar
Quase sempre perco
Sem desespero, sem pesar
Na luz fraca, cega
Um dia irei achar

Conto todos os segundos
Nunca as horas
Frações de nossos mundos
Nesse milésimo do tempo
Acelero todos os minutos

Percebo a aurora
De peito todo aberto
Enfim, é chegada a hora
Nessa eminência de esgotar-se o tempo
Congelo nosso amor profundo