9 de dezembro de 2013

não precisa nome
nem ao menos sobrenome
só precisa ser homem
mãos à obra
eles pensam
enquanto dormes

4 de dezembro de 2013

Decida-se, empenho versus desdenho?
claramente prefiro desenho
no certeza do senho
que tenho

3 de dezembro de 2013

Gozo

O Brasil é pior que punheta
Gozar nas coxas ou nas tetas
Ô país brochante
Onde inseminação artificial
É, do sexo, a posição mais excitante
Somos ejaculação precoce
Da preliminar constante

25 de novembro de 2013

sem pedir licença ao entrar
nem tampouco desculpas ao sair
todo amor é sem educação
dispensa etiquetas ao se despir
sobre a  a pele só deixa paixão
se não mais dizer sorrir?
bate a porta, sem cerimônias, sobra solidão
quando der na telha, pode até voltar
mas é sempre parar desajustar
afinal, amor não é para coexistir
nem mesmo para completar
amor, de verdade, é para tomar

20 de novembro de 2013

a consciência é negra
de alma branda
o copro que treme
a voz arranha
é difícil entender que esperança,
ainda, é só branca
pobre vereador
vela a dor
de aguardar com fervor
seu cheque ao portador

assalto a mão armada
seguido de um bela mamada
as vezes boas chupadas
sempre na mamata

pobre vereador
responde ao clamor:
sou do povo o ator
logo, finjo resplendor

a patota desavisada
esqueceu a máxima rechaçada:
a democracia aclamada
da demagogia politizada

quadrilhas e quadrinhas

petralhas, tucanalhas
ou coisa que o valha
pra seu governo
no país chamado Brasil
em quinhentos ou dois mil 
com céu sempre anil
nunca prevalece quem trabalha
alias, isso é coisa de gentalha

13 de novembro de 2013

Eu não mereço
Nem um terço
Do que vejo
Em seu começo
Que dirá o que antevejo
de todo seu apreço
A Jana é linda.
Se não bastasse,
Me deu você, menina.
Se é possível,
Ainda mais linda.
teu encanto,
onde descanso.
teu sossego,
meu remanso.
Amora 
Não é fruta
É menina pura
Já nasceu Madura
Pronta pro agora

Pra levar embora
Coração mundo afora
Saudade demora
Diz que está na hora
De viver Amora 
Esperando voltar pra casa 
Esperando a hora que passa 
esperando sua graça

1 de novembro de 2013

01/11

Hoje
Todos os santos

Ontem
José dos Santos

Amanhã
Será ainda

Sempre
O velho Vô Quincas

Nunca
Esquecer de onde vim

Todo dia
Espera ele por mim
De cordel em cordel
Não vou pro céu

Desculpa de alienado é o capeta

Tenho dó do Demonio, anjo caído.
Difamado, coitado e traído.
A ele atribuem tudo, verdadeiro fodido.
Dizem ser dele, até os erros  não assumidos.
Sim, é mais fácil pisar no rabo e apontar o bandido.
Queria ver se fosse você o imaginário banido.
Coitado do Demonio, inanimado e maldito.
Assume a maldade do homem, dito bendito.
Cramulhão é desculpa desse ser iludido.
Acredita que passando a culpa será absolvido
Assim, ele se esgueira, e você dorme tranquilo.

30 de outubro de 2013


Então, depois de caminhar por um longo tempo, ele se sentou contra o sol e olhou a própria sombra refletida no sopé da montanha. Longa e tênue, escura e vagarosa, sofrida como dia a dia, mas serena como só as consequências podem ser. Contemplou mais algumas vezes, ergueu-se – ela também se erguia, a espreita –, encarou-a e, só então, foi capaz de dizer: "Mesmo longe, qualquer lugar parece perto de mais de você".

28 de outubro de 2013

dever à divida

Devemos
Pagamos
Contraímos
Dividimos
Eternamente

Devemos
Negamos
Subtraímos
Desvendamos 
Diariamente

25 de outubro de 2013

rogado

no céu
serei sentenciado
culpado

no inferno
não serei anistiado
desgraçado

enganador
mentiu pra deus
traiu o diabo

31 de julho de 2013

a loucura:
pura,
crua.

a sanidade:
estandarte,
catre.

o equilíbrio:
colírio,
lírio. 

15 de julho de 2013

febre do ouro
ouro de tolo
febre do povo

e o primeiro?
galinha ou ovo
gigante ou povo

febre do ovo
gigante tolo
febre do povo

10 de julho de 2013

de joelhos


Ontem orar era prostrar
Hoje rezar é como respirar
Prostrar é apenas amar
E fé é como sorte e azar

Ontem o terço era como calar
Hoje a prece é continuar
Calar é apenas escutar
E acreditar é como aceitar

3 de julho de 2013

sobre o tempo


era velho
de alma jovem
era jovem
de alma? velho

um jovem
quando velho
outro velho
quando jovem

foi-se jovem
o que era sempre velho
continua sempre foi jovem
mesmo que aprece velho

19 de junho de 2013

juntos

está vendo essa mão?

segure firme então
ela é seu sim e seu não
é o que separa nós dois da multidão

segure firme, com todo o coração
ela é minha verdade e sua razão
é o que nos une em qualquer dimensão

veja, venha, me de sua mão

16 de maio de 2013


engordo,
de engodo tolo.
nunca vivo,
quase morto.

animal tosco.
abarrotado,
de pão, de circo,
carne e osso

ouço:
roe-se todo.
moe-se todo.
todo!

remédio do tédio médio

se morrer 
que não seja de tédio
se sobreviver
que não esteja médio
se viver
que não haja remédio
Queria dizer que queria
Já não quero mais
Vontade voraz

Se queira não era meu 
Se meu não era
Nunca me pertenceu

Queria o que não queria
Já não importa mais
Não satisfaz

13 de maio de 2013

e se você tiver coragem de cruzar de novo meu caminho? ora, vou te encher de flores e um bom copo de vinho, sentar ao seu lado, trocar ideias e carinhos. afinal, rancor é dor e amor é o que carrego comigo. se você cruzar de novo meu caminho posso te chamar de pai, de mãe, de amigo ou de filho. na verdade não importa. você só vai entender, quando cruzar o meu caminho, que jamais esteve sozinho.

2 de maio de 2013

Tom

Nunca músico
Sempre música
Só para tocar
Seus ouvidos

17 de abril de 2013

Qualificações


Não, não sou redator
Sou amador
Também não sou poeta
Mas a palavra me afeta

15 de abril de 2013

Moda de Lá

Lá é Minas
E lá é tudo diferente
Lá é mais fácil burro voar
E lá cobra tem dente

Lá é Gerais
E lá as coisas não são iguais
Lá é mais fácil se assombrar
E lá lobisomem e saci é que são normais

Lá é Minas, Gerais

21 de março de 2013

de primeira


Não poeta
Poesia
A criatura
Jamais cria

14 de março de 2013

Meu caro,


Ao estender as mãos, quebraram-se os dedos
Pos-se de pé e foram-se os joelhos
Rastejou, tornou-se ameno

13 de março de 2013

lento, pensamento

sim, hoje não dormi
com isso, vivi e senti
horas enfim, dedicadas a ti
nosso instinto coletivo jaz sedentário. mesmo quando nos levantamos e bradamos permanecemos sentados, nos rabos, próprios ou emprestados.

7 de março de 2013

dia a dia


Achei que viveria
De poesia um dia
Ledo engano
Todas as noites
Faço dela manto

4 de março de 2013

lamento negro


continuo a sacrificar os dias para resuscitar noite após noite / o raio de sol, agonia em meu açoite / sorri como alforria, sem destino e sem pernoite

22 de fevereiro de 2013

oração


Entre a cruz e a espada
Sob a vela e a bala
Curvei-me
Ante a caneta e a palavra

20 de fevereiro de 2013

cores d'alma

branco de alma negra
quando nêgo, ela é branda
se vermelho, não a tenho
amarelo a desdenho
incolor, minh'alma, minha dor

28 de janeiro de 2013

looping


Em prosa e verso
Dito o fim
Do que já foi início
E também anverso
Desse reverso