19 de janeiro de 2007

Minha pequena revolução

Procuro uma pequena revolução

Onde possa lutar

Que as armas cuspam palavras

Rajadas de idéias

Vôos rasantes

Sobre corpos inertes no campo

Levantem-se todos da ignorância

Sigam um grande capitão

Oh! Capitão

Meu grande capitão

Lidere minha pequena revolução

Cuspindo balas de verbos em carne

Proferindo bombas filosóficas

Levante dos mortos

Grandes soldados

Que liderem batalhas

E vençam a imensa guerra

Da minha pequena revolução

Kamikaze

A loucura me partiu ao meio

Nem a fumaça do cigarro

Acalma meus anseios

Náuseas com todo esse cheiro

Mudança, novidade

Inércia, antiguidade

Confesso tenho medo

Essa dor toda

Da angustia no peito

O que será?

Como será?

Quando será?

O engolir frenético da fumaça

Um câncer

Para curar outro câncer

Confesso que tento

Mas ainda não consigo

Viver a totalidade

As conquistas

Derrotas

Empates

Confesso o desespero

A batalha é real

Minhas armas fantásticas

Mais sonho do que vivo

Confesso o pecado

A ânsia

A vontade

Falta de controle

Uma grande viagem

Morrer a cada segundo

Buscar imortalidade

Confesso: quero descer

17 de janeiro de 2007

o tempo e o vento

Corro com o vento procurando o tempo que me escapou. Corro e perco tempo correndo contra o vento, buscando outros tempos, tempos que já não existem mais. Não há mais tempo, tudo arrastado pelo senhor do vento, o senhor das horas e dos segundos, que faz tudo rolar. Enquanto rolam as pedras, passam novos e velhos tempos, e eu ainda à buscar a compreensão do tempo.Como vento o tempo não pode parar, como vento ao tempo não posso dominar. Busco o tempo que perdi e perco, para o vento, o tempo que fico a procurar em desalento.

15 de janeiro de 2007

Coragem

O que falta sempre é coragem. Coragem de dizer não, de dizer sim, de querer, de não querer. Falta coragem a todos de amar incondicionalmente, de tentar até o último suspiro. Falta a todos a insana vontade de lutar contra o moinho que nunca vai girar ao sabor do seu próprio vento. Mas com coragem ele pode girar em sentido anti-horário e destruir o dragão da covardia que consome nosso tempo. Nos consome em dúvidas e receios, nos consome em medo, medo mudar, de começar de novo, de assumir os erros. Para todos, coragem, muita coragem. Sintam-se corajosos, movam-se contra o vento, não ao sabor das ondas dessa massa de ar morno, paira inconscientemente na estúpida sensação de conformismo. Tenham coragem para quebrar o protocolo da vida moderna – dinheiro e estabilidade. Arrisquem dar bom dia, dizer te amo, abraçar e beijar todo ser vivo. Arrisquem-se a viver. O vento nunca vai para de soprar, mas o sopro da coragem é mais forte. Tenham coragem, a mais plena e pura coragem.

14 de janeiro de 2007

Pedaços

Fragmentado

Esquartejado

Meus pedaços espalhados

Um em cada lugar

Mas não sei em qual

Juntar

Colar

Depois que achar

Emendas serão muitas

Grandes cicatrizes

Profundas

Serei inteiro novamente

Costurado mas completo

Reformulado

Cada pedaço em seu lugar