8 de julho de 2009

Vivo, morto. Morto, vivo.

Ando meio com dor de dente. Sabe? Aquele tipo dormente, não latente. Incomoda, mas de tão leve acaba fazendo parte da gente. Quase como emprego. Como faculdade e igreja. Essa dor já vem de algum tempo. Não sei se chegou coma vontade de parar com tudo, ou se parei com tudo por causa da dor. Sei que é uma causa e efeito. Nesse tempo, que a gengiva palpitava dormente, não tive nenhum sonho latente. Nenhuma ideia abrupta para mudar o mundo e fazer com que me virasse na minha própria tumba de caos. Por um tempo foi bom. Evitei várias outras dores. Mas hoje decidi que chega. Não pretendo arrancar esse dente, nem com ele minha dor. Simplesmente parei de escovar os dentes. Vou cultivar essa mortificada dormência. Espero que o acúmulo das pequenas latejadas, que parecem formigamento moral, faça-me novamente gritar. Incubado em meus berros estarão o bafo de um uma dor fúnebre, em cheiro e conteúdo um verdadeiro cadáver. Ressurgindo, como em ‘a volta dos mortos vivos’. Sedento não de sangue, mas de alma. A sua alma, aminha própria alma. Por fim, estou de volta. Mesmo que em eterna decomposição.