30 de abril de 2008

santa peleia

A alma dança

Ao sentir sua esperança

Doces e suaves lembranças

Encouraçadas sob lanças

O sangue guerreia

Frente ao descaso que rodeia

Não perderás uma gota das veias

Honrada e sacra peleia

O espírito vence

Sobre o algoz que treme

Bem alta a guerra geme

Mesmo morto, perene

29 de abril de 2008

Furazóio

Hoje acordei meio indisposto, lavei o rosto, deitei novamente e dali a um pouco levantei, como uma sensação incrível de que mesmo de pé ainda dormia. Esse sono eternamente forçado dos olhos que não querem estar acordados. De repente algo no rádio: ”wake up!”. Meu corpo responde: “for what?”. Seria realmente bom se nada pudesse ser visto mais, um mundo de uma cegueira cansada de um stress estrábico. Sim existem coisas lindas, mas anjos caindo do céu assistidos quase em “real time”, doces vidas azedadas por décadas , filhos de ejaculação precoce eliminados num genocídio silencioso como a falta de visão. “For what?”. Mais tarde, deitei, agora eternamente. Não preciso enxergar mais nada. Das belezas tenho saudades porém, todas as maldades, meus olhos sabem de cor.

28 de abril de 2008

Pague o quanto puder

Alto ou baixo, imperceptível ou descarado, intencional ou não. Todos têm seu preço e, certamente, se venderá algum dia, ou se vendeu por todos os seus dias. Apesar de a negação ser inerente em todo homem, mesmo com discursos íntegros, éticos e politicamente corretos, a existência de um preço é certa, talvez mais certa que própria morte.

Quanto mais baixa a classe social, mais barato o valor atribuído ao código de barras biológico desse homem quase sempre simples e necessitado, que se vende sem nem mesmo perceber. E, quanto mais elevada à posição dentro da sociedade, maiores são as chances de valorização do preço individual e coletivo. São maiores as ofertas, mais longas as negociações e, inevitavelmente, a mercadoria torna-se mais expansiva, praticamente um artigo de luxo.

Mas não se condene, por ter achado ou não seu preço, mesmo inconscientemente você já foi vendido. Negociamos, diariamente, nossas aspirações sociais, barganhamos nosso profissionalismo, vendemos nossos ideais e, até mesmo, colocamos em “saldão” nossas crenças, nossa religiosidade e nossa cultura. A cada troca de emprego, no vai e vem de dos amores, na busca pela “salvação”. Pagamos, recebemos, trocamos... Enfim, sobrevivemos, comercializando, o que temos como podemos.

O preço seja tangível, monetário, filosófico ou fisiológico, é o produto do recebemos subtraído do que pagamos.

Alguns, poucos, conseguem valorizar esse preço durante a vida. Outros, muitos outros, mendigam. Doam todo seu valor em troca de migalhas, a cada segundo mais escassas. Migalhas que se traduzem em um pedaço de pão ou apenas respeito. Porém esse processo também é um preço, nem legal, nem ilegal, apenas real.

Nem sempre há justiça nessa matemática do valor humano. O que recebemos pode sair muito caro, levando em conta o que cedemos. O ideal persistente no instinto de cada homem é equilibrar essa balança comercial, em alguns casos “a qualquer custo”.

A busca pelo superávit pessoal é, invariavelmente, complicada e, diversas vezes, desleal. Em tempos onde a oferta da mercadoria humana é infinitamente maior que a procura por essa nobre matéria prima fica difícil reconhecer o próprio preço.

Pense e pague o quanto puder para decidir quanto vale seu próprio preço.

Ânsia

Estranhas entranhas

Reviradas sob escadas

Escancaradas, afogadas

Embebidas em bílis

THC, nicotina, purpurina

Cat Show, Catsy, Purina

Estranhas entranhas

Castradas, inférteis

Infiéis, estéreis

Prelúdio do vomito

É a ânsia

Regurgita o ócio

Elimina o estereótipo

Estranhas entranhas

Agora quietas

Eno, sal de frutas, sonrisal

Acalma a azia

Resfria a queimação

Com extrema estranheza

Uma última gorfada

Antes do novo mal estar

Estranhas entranhas

Derramadas aos pés

Não da mais pra segurar