28 de dezembro de 2006

De novo

Saca só

Só o pó

Acabou

Começa de novo

De novo

E de novo

O novo ciclo

Cíclico

Desce redondo

No verão

Só ná ná ná

Espero a volta

Pra começar

Recomeçar

De novo

E de novo

No novo ano

Mais velho, eu

Sinto-me outro

Novo

De novo

E de novo

Banquete

Hoje meu café da manhã foi um corpo

Resto da alma que ingeri ontem no jantar

Alimentação pesada, cheia de proteínas

Dessas calorias que te fazem pensar

Carboidratos do sonho, doce sonho

No almoço preciso de novo, do corpo e da alma

A tarde mais uma vez, e assim sempre

Alimento-me da alma que ingeriu minha alma

27 de dezembro de 2006

Prece

Fique imóvel
Ajoelhe-se
Sinta seu coração falar
Escute, abra os ouvidos
Ele diz alto
Você pode escutar?
Tente com vontade
Ouça...

Não vá

Despedida, chantagem ou desejo?

Mãos atadas

Garganta cerrada

Pernas imóveis

Queria dizer, espernear

Gritar, segurar

Mas vegeto

E contento em olhar

Não me acho digno

Nem de perguntar

Só posso esperar

26 de dezembro de 2006

Vício

Preciso parar de fumar. A cada trago diminui o pulmão e aumenta o pensamento. Doem, os dois. A cabeça que pensa e o corpo que trabalha. Vou escrever até morrer, sangrar os dedos e deixar correr. A cada verso mal feito, a cada texto disléxico, a cada troca de letras, sinto-me mais perto. Não sei se perto da razão ou da loucura, mas sinto-me mais perto. Espero que perto do fim, porque depois do fim sempre tem um começo, uma nova sessão. Continuo então a escrever, esperando que as unhas rachem e que o pensamento canse. Esperando dormir e acordar em um novo lugar, onde continue a escrever, mas onde os dedos não sangrem mais, onde o corpo não peça mais nicotina nem álcool. Longe, um lugar que não existe, mas que já posso ver. Apago o cigarro, depois do último trago. Preciso parar de fumar, preciso parar de escrever. Não posso. É um vício tão grande quanto viver.

Vou pelos sete mares

Mesmo sem saber nadar

Vou me deixar afogar nas mãos de Netuno

E que ele me guie

Por entre sereias e serpentes

Quando o fundo chegar

Mais escuro que o mais intenso eclipse

Vou encontrar a pérola

Forjada com a última lagrima da minha vida

25 de dezembro de 2006

Resposta

Um vácuo temporal entre o hoje e a amanhã, essa é minha vida. Procurando em cigarros e copos descartáveis respostas que vão da máxima de onde viemos, até a questões banais como o porque a cadeira tem esse nome. Evito sempre o sono, apagar para mim parece perda de tempo, as melhores repostas costumam vir da embriaguez causada pela o principio ativo da insônia. E na última noite, especial para muita gente que conheço, consegui mais uma brilhante resposta. Você sobe qual é?