22 de setembro de 2017

Cotidiano

Preto na senzala Coronel lá no salão Pobre na favela Rico na mansão Miserável na sarjeta Classe média vendo televisão Trabalhador atarefado O descanso é do patrão Muda o nome do descaso Mas é tudo escravidão Obedece quem tem juízo Quem se cansa diz não Morre quieto no prejuízo Se esquecem do irmão Capital é autoridade Liberdade, ilusão

21 de setembro de 2017

Cura

Remédio para acordar Açúcar pra sorrir Gordura para se fartar Detox pra reduzir Corrida para não enfartar Analgésico pra resistir Café para dilatar Cigarro pra remitir Trabalho para ganhar Compras pra exisitir Férias para descansar Selfie para fingir Um deus para culpar Likes para se sentir Álcool para relaxar Ecstasy pra coexistir Viagra para amar Regras pra seguir Pornografia para gozar Rosas pra se redimir Fé para não pirar Desculpas para insistir Antidepressivo para não chorar Remédio pra dormir

20 de setembro de 2017

Galope o golpe

Veio a galope, O golpe. A lá Tróia, Só no trote. Tempos depois, Homem sem norte. Ainda tonto, Sofre. Tamanha a força, Coice tão forte. Inconsciente repete, Um mantra em ode: Não foi golpe, Não foi golpe. Espera então que lhe salvem, Num galope da sorte.

19 de setembro de 2017

Segue preso
Trancafiado
O homem em seu desprezo
Olho embaçado 
Viciado
Em julgar e ser julgado
Indivíduo condenado
Sentenciado
A viver incomodado
É pobre, preto, tatuado
É viado
Queria ser, mas está amarrado
Segue preso
Acorrentado
O homem de peito raso e rasgado