15 de fevereiro de 2007

Free Hugs Mann

Anestesiado e intubado procuro um grito que me tire desse como social. Se um dia saldei Zapata, Zumbi, Che, Sandino e Lampião, saldo hoje o abraço puro desse irmão. Hey “mann”! Abraço-te, onde esteja, como meu coração.

Tons pastéis

Lamentos negros

Sofrimentos brancos

A morte amarela

O seco sangue vermelho

Etnia que riam com hipocrisia

Raça que não tem graça

Escala social

Instinto animal

Mundo canibal

E ainda existe um homem

Que julga-se imortal

Todos já morremos

Enquanto cremos

Que o bom já não vence o mau

Lados, pares e quadrados

Do verso eu quero o verso

Da palavra o anverso

Do lado A o lado B

De você o que ninguém vê

Da voz eu quero o silêncio

Do pensamento quero o som

De você uma palavra que faça valer

Do tempo eu quero cada segundo

Das horas um lapso surdo

De você apenas um sussurro

Do nobre eu quero o vagabundo

Da pausa o gira mundo

De você quero tudo

14 de fevereiro de 2007

argh! (ou hélio, aurélio, cemitério)

O que faço aqui sem meu black tie?

Aliás, o que faço aqui?

Não fui convidado para o jantar

Entrei pela porta dos fundos

Mas já estou de saída

Deixo para trás a hipocrisia burguesa

Só não consigo deixar o que vi sobre a mesa

Como prato principal

Da elite no país do carnaval

Um prato visceral

Braços, dedos e outros pedaços

De uma infeliz criança

Triturada pela indiferença

Temperada pela desigualdade

Enquanto mais uma mãe chora lá fora

Comemora a sociedade neonazista, ou neoliberalista

Apreciam o prato

Trazido pelo pato

Criado em seus quintais marginais

Destinados a quem não sobrevive

A lei de quem pode mais

Comam cadáveres

Arrotem flores

Em passeadas cheias de esperança pela paz

Vou-me embora

Não carrego o preto e branco do black tie

Vim nu e só

A ausência total representa meus ideais

Demonstra minha esperança

Diz o que acho dessa sua paz