13 de janeiro de 2015

de manhã


Da pra ver nos olhos dela que faço falta, o quanto ela se importa, o quanto é doloroso acenar com seus pequenos dedos. Provavelmente ela sente fundo até o último ronronar do velho motor movido a necessidade. E mesmo assim, todo dia eu digo adeus, viro as costas e vou. Claro, eu sei que vou voltar, mas ele  parece não entender, talvez nem queira. Porém, dia após dia, lhe dou  a tristeza do partir, lhe ensino involuntariamente a dor da saudade. Quando acelero e vejo no retrovisor seus olhos brilhantes e puros contemplando, em silêncio o que não compreende, deixo o vento frio bater nos meu rosto cansado, cantando em um único acorde cru “até logo, meu amor”. Por fim, tão acentuada quanto a curva à direita, a música da rua grita tentando abafar o que meu coração não pode deixar de gritar “por favor, me deixe fica”.

Um pai  jamais deveria ter quer ir.