9 de dezembro de 2009

Vísceras

Acordei em vísceras
Vermelhas como os tomates
Jogados ao bobo, na corte
Cheirando solidão
O eu desfazendo em putrefação

Mastiguei tais vísceras
Como goma de mascar
Grudadas em sapatos velhos
Aspirando nostalgia
Poluindo o corpo como alergia

Regurgitei minhas vísceras
Gosto raro de leite velho e azia
Deixado pra fora na noite fria
Coalhando esperança
Mente revira em lembrança

7 de dezembro de 2009

Sarjeta

Rebelde sem causa
Poeta sem livro
Artista sem tela
Músico sem cantiga
Lenda sem história
Apaixonado sem amada
Espinho sem flor
Criatura sem criador


Sou eu sem eu mesmo
Sou o mesmo que nunca fui eu
Alma sem corpo
Espírito sem encarnação
Só assim sou eu
O que não fui
Nem serei