11 de novembro de 2015

não tem preço no peito

poesia nãos e vende
palavra a gente dá de presente
cada verso é anverso
do que a gente é
no distante presente
então, não tem preço
o que escrevo com meu peito

4 de novembro de 2015

ceia

engordas de engodo
tal qual o tolo
acreditas ter parte no bolo

suculentas fatias de sonho
feito outro bobo
engasgas migalhas de abandono

sedentas lágrimas de choro
como mais um estulto
mendigas o banquete do astuto

15 de setembro de 2015

pó é azia

Poesia
Pó e azia
Pós azia
Poesia

16 de junho de 2015

queria eu,
viver de poesia.
erro insistente o meu,
esse morar na fantasia.
fim do dia, breu.
onde não falta azia. 
um passo para frente
passo para o lado, depois, outro lado
dois passos, e mais três, para trás
dançando, dançando
ritmo eterno do descompasso 

2 de junho de 2015

Clara, Clarita, Clarinha

I

Clara, Clarita, Clarinha
De tantos é irmã
Doutros tantos, é tia
Mas vó, é (quase) só minha

Fala mais que maracanã
Corre mais que cotia
E reza mais que vigília
Clara, Clarinha, Clarita

II

Clara, Clarita, Clarinha
De tantos causos
Doutros tantos acasos
Pomba! É só alegria

- Bença Vó!
- Bençoe meu fio
É quem me guia
Clara, Clarinha, Clarita





26 de maio de 2015

Muda

Evitando as palavras
Puras ou mal educadas
Bem ou mal intencionadas
De verdade ou inventadas

Apenas...

Evitando as palavras
Que não serão escutadas
Ou que sejam odiadas
Jamais culpadas

Somente...

Evitando as palavras


26 de março de 2015

incondicional

sim, já fui só.
depois fomos nós.
ontem, éramos três.
amanhã serão quatro de nós.
para todo sempre, juntos, um só.
do sentimento que não se conta em dedos,
com a tanta fé que jamais tem medo,
o impossível será sempre natural.
do insistir leve e sereno,
nosso mundo tenro.

20 de fevereiro de 2015

manha manhã

três da manhã.
vivendo o hoje,
ma já é amanhã,
de manhã.

então hoje,
já era ontem .
quando será amanhã,
de manhã?

Verso de Anverso

Toda noite
Um açoite
Pede pernoite
Espera com afoite
O chá-da-meia-noite
Mas, nessa noite
Não é dia, de dama-da-noite


Não é dia, de dama-da-noite
Mas, nessa noite
O chá-da-meia-noite
Espera com afoite
Pede pernoite
Um açoite
Toda noite

19 de fevereiro de 2015

(sobre como as coisas acabam)

Quanto tempo
Quanto tem, pô
Tempo 
Tem pó

.



13 de janeiro de 2015

de manhã


Da pra ver nos olhos dela que faço falta, o quanto ela se importa, o quanto é doloroso acenar com seus pequenos dedos. Provavelmente ela sente fundo até o último ronronar do velho motor movido a necessidade. E mesmo assim, todo dia eu digo adeus, viro as costas e vou. Claro, eu sei que vou voltar, mas ele  parece não entender, talvez nem queira. Porém, dia após dia, lhe dou  a tristeza do partir, lhe ensino involuntariamente a dor da saudade. Quando acelero e vejo no retrovisor seus olhos brilhantes e puros contemplando, em silêncio o que não compreende, deixo o vento frio bater nos meu rosto cansado, cantando em um único acorde cru “até logo, meu amor”. Por fim, tão acentuada quanto a curva à direita, a música da rua grita tentando abafar o que meu coração não pode deixar de gritar “por favor, me deixe fica”.

Um pai  jamais deveria ter quer ir.