20 de junho de 2008

Benzedeira

Vou me benzer
Com benzina
Cachaça
Charuto
Sangue de galinha
Em cima da encruzilhada
Fazendo sinal da cruz
Ouriçar a caboclada
Com o cavalo,
O pai, a mãe e o filho
Batendo a cabeça
Pra me livrar da crença
De que todo dia
Todo mundo é mau
Valei-me “Seu” Jorge
Ogunhê
Ogum, vencedor de demanda
Ele vem D’Aruanda
Pra salvar filhos
D’Umbanda

19 de junho de 2008

Letrado, cochichado, decorado

De Bakunin a Lúcifer, o anjo diabo
Citastes todos os renegados
Do Bill Gates ao Kill Bill, tarantinizado
Amaste os grandes midiáticos
O Bush pai, o filho e seus espíritos, assombrados
Decorastes cada discurso commoditizado

Sem falar Adam, Nietzsche, Freire, Sartre e Che
Cada um, cada fala, em algum momento
Cada um, foi você
Mas de que falas o seu eu?
Se que um dia existiu você

De carne osso vaga
Letrando e discursando o decorado
Sem um só próprio pensamento
Nem cochichando poderá entender
Do que fala um homem libertado

Sentenciar (ou, aqui se faz e se paga)

Enquanto seu deus suspira
Sigo botando fé
Na memória
Com história
Na glória
Sem escória

Você quanto reluta
Torna certeza o pesar
Sem memória
Nenhuma história
Jamais glória
Só escória

Se os seus, de dedos apontados
Eu, num coro irado:
Guarde na memória
Jamais sua história
Terá qualquer glória
És do mundo, a própria escória.