Da infância poucas lembranças
Quase sempre desesperanças
E uma amarga grande questão
Porque não eu?
Porque você e não eu?
A morte que chegou fria
Deixou a vida ainda mais sofrida
Não que não pudesse entender
Só não queria acreditar
Sabia que como você
Ninguém mais iria me amar
Não era pelo sangue
Nem pela imaginação infame
Amava por ser eu teu
Pelo teu ser meu
E desde então
O que eu já esperava
Desilusão
Nunca mais cavalo baio
Nem o pé na terra com enxada na mão
Sem cigarro de palha
Morreu também o Passarinho e o Maquinista
Onde estará o Zé, camarada
O Herói o Balão
Burocraticamente continuo vivendo
Cumprindo etapas de lamento
Esperando que encontre de novo
No alto da ponte alta
O meu pedaço que falta
Depois de lá também serei Quincas
E feliz sem mais nenhum copo de pinga