14 de outubro de 2008

sobre guerreiros espartanos e bestas no limbo

Em meio ao trabalho medíocre, amizades falidas, afetos inertes e pensamentos inférteis o que me resta é limbo. Cobram-me forças, exigem coisas, esperam que seja um contra os trezentos. Honrado como um espartano, humilhado como um cão sarnento. Associam-me pensamentos, conceitos e preceitos. As palavras que dizem minhas nada mais são que ecos de energia, a energia alegre de um dia, que já padeceu sob uma tarde de elegia. Nem mais guerreiro, nem esfinge do limbo. Vagueio com alma cálida pelo ventre perene do mundo disforme, alternando momentos de glória e pura moléstia.

13 de outubro de 2008

má digestão

Enquanto minha mente desencarna em molho de cachorro quente com goles de vinho barato fico divagando os porquês dessa existência monossilábica. Prometi tanto aos outros, e muito mais a mim mesmo, e hoje, enquanto essa salsicha desce um tanto azeda guela abaixo, percebo que, como sempre, é tudo mentira. Sou incapaz de terminar o que comecei, sou incapaz até mesmo de começar; então, em uma linha a mais me despeço. Até uma próxima regurgitada dessa mente avacalhada, que já segue cansada concentrando-se na mordida, seguida da ânsia divina. Comer, digerir, defecar, palavras a esmo. Mas não me culpem, nunca disse que sabia pensar.