14 de fevereiro de 2007

argh! (ou hélio, aurélio, cemitério)

O que faço aqui sem meu black tie?

Aliás, o que faço aqui?

Não fui convidado para o jantar

Entrei pela porta dos fundos

Mas já estou de saída

Deixo para trás a hipocrisia burguesa

Só não consigo deixar o que vi sobre a mesa

Como prato principal

Da elite no país do carnaval

Um prato visceral

Braços, dedos e outros pedaços

De uma infeliz criança

Triturada pela indiferença

Temperada pela desigualdade

Enquanto mais uma mãe chora lá fora

Comemora a sociedade neonazista, ou neoliberalista

Apreciam o prato

Trazido pelo pato

Criado em seus quintais marginais

Destinados a quem não sobrevive

A lei de quem pode mais

Comam cadáveres

Arrotem flores

Em passeadas cheias de esperança pela paz

Vou-me embora

Não carrego o preto e branco do black tie

Vim nu e só

A ausência total representa meus ideais

Demonstra minha esperança

Diz o que acho dessa sua paz

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