O que faço aqui sem meu black tie?
Aliás, o que faço aqui?
Não fui convidado para o jantar
Entrei pela porta dos fundos
Mas já estou de saída
Deixo para trás a hipocrisia burguesa
Só não consigo deixar o que vi sobre a mesa
Como prato principal
Da elite no país do carnaval
Um prato visceral
Braços, dedos e outros pedaços
De uma infeliz criança
Triturada pela indiferença
Temperada pela desigualdade
Enquanto mais uma mãe chora lá fora
Comemora a sociedade neonazista, ou neoliberalista
Apreciam o prato
Trazido pelo pato
Criado em seus quintais marginais
Destinados a quem não sobrevive
A lei de quem pode mais
Comam cadáveres
Arrotem flores
Em passeadas cheias de esperança pela paz
Vou-me embora
Não carrego o preto e branco do black tie
Vim nu e só
A ausência total representa meus ideais
Demonstra minha esperança
Diz o que acho dessa sua paz
Nenhum comentário:
Postar um comentário