27 de fevereiro de 2014

Ato dos opostos



Então, ao sentir a rugosidade de mais um soco no estômago, a dor sobe em ondas de calafrios. Quem não a conhece revida, instintivamente, hora com ódio, minutos depois com medo. Porém, não é a primeira vez que recebo tal visita. Deixo, quase inconsciente, que a náusea  inunde o ventre e outros canais latentes. Que percorra capilares e cerre tenuamente incisivos e molares para chegar a ponta do último fio que cobre o invólucro da razão. Como luz, na mesma velocidade que se expandiu, volta em implosão,  até as pontas dos dedos, apertando-os tão forte quanto seja impossível. Em silêncio – percebido apenas por quem sente – o universo aguarda o retorno em igual intensidade. No entanto, a ternura vence em sonoro oco a força do soco. Por fim, toda dor é submissa à ponta do lápis. Grafada e traduzida em uma só palavra. Sonoramente semelhante ao que nunca pude dizer, escrevo, em grandes letras triunfais (ou descomunais): PAX! Ou apenas paz...

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