Da pra ver nos olhos dela que faço falta, o
quanto ela se importa, o quanto é doloroso acenar com seus pequenos dedos.
Provavelmente ela sente fundo até o último ronronar do velho motor movido a
necessidade. E mesmo assim, todo dia eu digo adeus, viro as costas e vou.
Claro, eu sei que vou voltar, mas ele
parece não entender, talvez nem queira. Porém, dia após dia, lhe
dou a tristeza do partir, lhe ensino
involuntariamente a dor da saudade. Quando acelero e vejo no retrovisor seus
olhos brilhantes e puros contemplando, em silêncio o que não compreende, deixo
o vento frio bater nos meu rosto cansado, cantando em um único acorde cru “até
logo, meu amor”. Por fim, tão acentuada quanto a curva à direita, a música da
rua grita tentando abafar o que meu coração não pode deixar de gritar “por
favor, me deixe fica”.
Um pai jamais deveria ter quer ir.
Um pai jamais deveria ter quer ir.
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