Incomoda-me
A
Incomoda-me
Alucinado, diriam
Revoltado, anuncia
Incomoda-me
A
Incomoda-me
Incomoda-me as
A
Incomoda-me
Equivocado, diria
Iluminado, sentirá
Poesia = 1- composição em cujo conteúdo apresenta uma visão emocional e conceitual na abordagem de idéias, estados de alma, sentimentos etc; 2 - arte de excitar a alma com uma visão do mundo; Absurdo = 1- que não se enquadra em regras e condições estabelecidas; 2 - no existencialismo literário e filosófico falta de sentido ou de justificação racional para a existência do homem e do universo;
Incomoda-me
A
Incomoda-me
Alucinado, diriam
Revoltado, anuncia
Incomoda-me
A
Incomoda-me
Incomoda-me as
A
Incomoda-me
Equivocado, diria
Iluminado, sentirá
Opa! Beleza?!
Que trampo legal…
Vamos trabalhar juntos?
fuck you
Claro… fica tranquilo
Depois a gente vê comofica
Senta aí....
fuck me
Hahaha! Cês são mesmo bons
Adoro tudo isso
Dá pra ensinar?!
fuck her
Pô não deu…
Acabei esquecendo
Ah veio! Agora cê tem que se virar
fuck him
Ele é mesmo um esnobe
Acha que é fodásico
Mas é bobo, vamu chupar tudo
fuck all
Confesso, ando meio confuso. Às vezes acho tão previsível meu próprio absurdo. Sem demagogia ou falso niilismo, não to querendo nepotismo no meu pensamento, se ninguém consegue, como posso pretender empregar esse vacilo filosófico. Tenho quase certeza que não credito mais fielmente nessa criação virtual do meu espírito animal. Um anarquismo católico, capitalismo filantrópico ou ainda socialismo neo-liberalista. Terror. Terrorismo individualista ego centrista, talvez chamem assim em um livro de 2027. Por enquando acostumo a ser consultado e depois desprezado, amado e logo odiado, hora sensato, hora alucinado. Dói a máquina que possessa meus gigahertz de futuros visionários pensamentos. Dói o coração que não acompanha o ritmo frenético desse descontentamento. Mas brilha fundo um sorriso de estar certo para ser contrariado.
Pare
Siga
Continue
Recue
Adiante
Volte
Estátua
Movimente
Vivo
Morto
Morto
Vivo
Agora explique-me
O que quer de mim?
Num dia daqueles
Um velho sem dente
Com muita coisa na mente
Perguntou-me, o que te faz feliz?
Claro que não soube responder
O sucesso, o reconhecimento
As conquistas, os sentimentos
Não disso em satisfazia mais
Vendo-me calado
Apontou-me seu sorriso
Sentindo-me apavorado
Disse, sem o menor pudor
Antes do fim da tarde
Faça esse sorriso brilhar novamente
Pois é lê que comanda seus próprios dentes
Faça da boca dela tua luz
Pois só a janela da alma dela traduz
O que te faz feliz?
Sem mexer os lábios
Indagou novamente à minha mente
Vela contente
Respondi, também sem mexer os dentes
Antes do nascer do sol
Após a morte da noite
Em instantes onde não se vive
O choro trincou o céu turvo
Onde viam apenas um parto
Percebi a nova era
Dos cabelos negros
Que nasceram longos
Do corpo frágil
Uma futura mulher
A luz cegou olhos
O som alucinou ouvidos
E o perfume ressuscitou meu coração
Para os mouros a futura rainha
Para o augusto a estrela guia
Buscará por ela um novo caminho
Perceberá na princesa moura
O amor, o carinho
Eram negras as ondas dos cabelos
Como negros foram outrora meus anseios
Firmes e fortes os olhos e os dedos
Certamente, um dia, também não tive medo
Ecoava o nome em meu peito
Brilhava latente o sorriso em minha mãe
O que faria eu, se não admirar
O que mais pudera eu, se não apaixonar
De terras distantes da minha mente divagante
Uma princesa moura, negra de olhos e pele
A quem dedico meu amar
Invariavelmente as
E
Faço
Uma
E do
Variando de
Faço de
Imolo
Sacrifico
Pelas velhas
Quando gritei você estava lá para silenciar
Protestei e você de pronto a censurar
Lutei contra e mandou encarcerar
Fugi, sua irá foi caçar
E seu morrer?
Será que no inferno vou ver você?
Desigualdade que persegue
Inconformação, exclusão
Toda vez que tentar mudar
Estará lá para dizer não
Aceite suas correntes e tranque a mente
Mas você sabe
Minha chance de ganhar
Minha chance de parar
Nenhuma
Minha mente imunda vai sempre desafiar
Quando eu tinha certeza
Vocês me fizeram desacreditar
Agora que esqueci
Querem que eu volte a lutar
O pior de mim vem quando deixo de acreditar
Não me procurem mais
Deixem que o tempo soterre minha pobre filosofia
Não sou poeta, nem pensador
Não sou artista, nem cantor
Nem líder, nem orador
Sua revolução pessoal
Não precisa do meu sangue emocional
Preocupem-se em ganhar todo aquele dinheiro
Abro caminho pra vocês
Não quero meu pedaço
Nem acredito mais no que fiz ou no que faço
Tec, tec, tec
Os estalos do teclado
Parecem os cliques falhos desse gatilho
Adiando o fim da roleta
Adiando o fim da vida que anda russa
Todos esses caminhos levam ao fim
Mal letrado, mal fundamentado
Mal explicado, mal pensado
Achei que não iria voltar
Aqui estou
Digitando arrastado
Meu pensamento nublado
Esperando que o tec-tec faça bum
Rezando por um fim
Numa tarde quente
O vírus me alcança de repente
Talvez amanhã um descanso para o corpo
Mas o tec-tec ainda estará na mente
Esperando, esperando
O bum que pare o ranger dos dentes
Sempre tive dúvidas de quem sou
Alias acho que sou a própria dúvida
Duvida?
Nunca duvide de mim
Duvido que não possa desafiar
Quem não possa fazer você acreditar
Na minha própria dúvida
A dúvida de quem duvida
De que ninguém duvide
Que sou sós dúvidas
Que a grande dúvida
A dúvida de toda essa geração
Diz respeito a mim
Dúvida, dúvida, duvida?
Duvidas sem fim
Da infância poucas lembranças
Quase sempre desesperanças
E uma amarga grande questão
Porque não eu?
Porque você e não eu?
A morte que chegou fria
Deixou a vida ainda mais sofrida
Não que não pudesse entender
Só não queria acreditar
Sabia que como você
Ninguém mais iria me amar
Não era pelo sangue
Nem pela imaginação infame
Amava por ser eu teu
Pelo teu ser meu
E desde então
O que eu já esperava
Desilusão
Nunca mais cavalo baio
Nem o pé na terra com enxada na mão
Sem cigarro de palha
Morreu também o Passarinho e o Maquinista
Onde estará o Zé, camarada
O Herói o Balão
Burocraticamente continuo vivendo
Cumprindo etapas de lamento
Esperando que encontre de novo
No alto da ponte alta
O meu pedaço que falta
Depois de lá também serei Quincas
E feliz sem mais nenhum copo de pinga
Anestesiado e intubado procuro um grito que me tire desse como social. Se um dia saldei Zapata, Zumbi, Che, Sandino e Lampião, saldo hoje o abraço puro desse irmão. Hey “mann”! Abraço-te, onde esteja, como meu coração.
Lamentos negros
Sofrimentos brancos
A morte amarela
O seco sangue vermelho
Etnia que riam com hipocrisia
Raça que não tem graça
Escala social
Instinto animal
Mundo canibal
E ainda existe um homem
Que julga-se imortal
Todos já morremos
Enquanto cremos
Que o bom já não vence o mau
Do verso eu quero o verso
Da palavra o anverso
Do lado A o lado B
De você o que ninguém vê
Da voz eu quero o silêncio
Do pensamento quero o som
De você uma palavra que faça valer
Do tempo eu quero cada segundo
Das horas um lapso surdo
De você apenas um sussurro
Do nobre eu quero o vagabundo
Da pausa o gira mundo
De você quero tudo
O que faço aqui sem meu black tie?
Aliás, o que faço aqui?
Não fui convidado para o jantar
Entrei pela porta dos fundos
Mas já estou de saída
Deixo para trás a hipocrisia burguesa
Só não consigo deixar o que vi sobre a mesa
Como prato principal
Da elite no país do carnaval
Um prato visceral
Braços, dedos e outros pedaços
De uma infeliz criança
Triturada pela indiferença
Temperada pela desigualdade
Enquanto mais uma mãe chora lá fora
Comemora a sociedade neonazista, ou neoliberalista
Apreciam o prato
Trazido pelo pato
Criado em seus quintais marginais
Destinados a quem não sobrevive
A lei de quem pode mais
Comam cadáveres
Arrotem flores
Em passeadas cheias de esperança pela paz
Vou-me embora
Não carrego o preto e branco do black tie
Vim nu e só
A ausência total representa meus ideais
Demonstra minha esperança
Diz o que acho dessa sua paz
Transmutação
Matem-me, já não preciso viver
Tenho certeza de quando for
Lembraram de mim pelo amor
Incondicional, imutável
Por ti, por ela, por eles, por todos
Olhem para cima
Encontraram algo que mudará suas vidas
Olhem para o lado, olhem além
Percam o foco
Encontrem o que encontrei
Além da minha dor
Um motivo, um sopro
Se não posso mudar o mundo
Mudarei a mim mesmo
Quem sabe assim contagie a todos
Mudemos juntos
Pela força arrebatadora do amor
Assim seremos lembrados
Em cada gentileza
Para sempre
Em todos os abraços
Em qualquer beijo
No mais puro olhar
De seres dispostos a amar
Oriundo de uma terra infértil e distante, localizada na mais profunda escuridão da consciência, está o ódio. Sentimento despertado pela insensatez e o descontrole, amarga quem sente e a quem é direcionado. Alguns preferem ignorá-lo, outros fazem dele combustível, e alguns, justificativa. Eu tento encará-lo, aceita-lo e, talvez, combatê-lo, pois, já que não me sinto do direito de alimentá-lo, escolho o contra ataque, quase sempre mal sucedido. Mas é preciso tentar. Evitar odiar, evitar que cresça no mundo a incompreensão dos erros. Mesmo perto continuo tentando porque, como eu, alguns outros tiveram esse sonho. O sonho da tolerância, entre as raças, entre as religiões, entre simples mortais. Sempre darei a outra face, em meu protesto pacífico, para que a humanidade perca o caminho da cidade encravada nas profundezas da primitividade, a cidade perdida onde habita o ódio. E Jesus disse: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
O grande senhor de porra nenhuma
De palavras belas, mas imundas
Absurdos e mais absurdos
Construídos em poemas sujos
Mal escritos, mal estruturados
Uma afronta a leis da gramática
Um grito de liberdade surdo
Para ninguém ver, para ser perdido
Sonhe com multidões se deslocando
E ganhe a inércia da expectativa
Tantos pensamentos só levam a um lugar
O anonimato desses pensamentos evolucionários
O senhor de porra nenhuma
Do castelo de idéias que desmorona
Quando a onda de realidade
Bate na areia desse pensamento absurdo
Quando o vento da hipocrisia
Sopra para longe a as folhas de ideologia
Sou eu o senhor de porra nenhuma
O senhor da poesia e do absurdo
Sou eu, indicado por deus
O poeta do absurdo
Inconsciente olho para os lados
Espero um novo arrepio
Que percorra toa minha espinha
Tire-me do sério
Deixe-me cego
Faça-me suspirar
A noite vai longe
E entre calafrios
Ainda espero
Esse novo de sopro
Que faça germinar
Rosas nesse jardim de espinhos
Ainda espero
Mas sei onde encontrar
Ainda espero
Já não preciso procurar
Só preciso paciência
Nos ventos de amanhã
O que espero vai chegar
É tanta informação
E quanta indagação
O que vai ser?
Para quem vai ser?
Com quem vai ser?
Onde vai ser?
Porque vai ser?
Chega!
Não quero mais pensar
Prefiro deixar acontecer
No tempo certo
No rumo certo
Cada resposta
A gente vai entender
Sol a pino
Cerveja sorrindo
Um copo ou dois
Este já é o quinto
Saudade de tudo isso
Colegas de verdade
Cerveja à vontade
Infelizmente tenho que voltar
Trabalhar para viver
Viver para trabalhar
Não sei a verdadeira ordem
Mas preciso voltar
Antes, acenda um cigarro
Precisamos comemorar
E nada melhor que a fumaça
Da incoerência
Para levar nossos pensamentos
A distancia que nos separa
Nem
É incapaz de destruir
Esse inerente afeto
Somos tão diferentes
E tão iguais
Antes do último copo nem sabia por quê
Ma s agora entendo
Preciso voltar
Mas antes tenho que dizer
Amigos, até mais
Repito aos quatro ventos
Quanto difíceis são meus movimentos
Calcular, programar, aplicar
Não faz parte de mim esse estratagema
A perspicácia de antecipar
Logo só me resta arriscar
Jogar no lado lúdico da vida
E quando perco
Litros de álcool para a assepsia das feridas
Queimo com a ponta do cigarro
As que teimam em não coagular
Mas já virou gangrena
A dificuldade que tenho
Em não mais errar
Com mais uma baforada de fumaça
E a dor aguda da feriada queimada
Juro pensar antes de falar
Planejar antes de agir
Mas quanto grito ao quinto vento
Injurias sobre mim mesmo
Já começo de novo
A soltar meu pensamento
E rápido como o sexto vento
Que só para mim faz sentido
A mente faz o corpo borbulhar
E junto com desafios
Espero novas feridas
Que marcam de fundas cicatrizes minha vida
Algumas vermelhas quelóides
Outras riscos claros
De coisas que nem lembro mais
Esquisito
Perdido
Incompreendido
Maldito
Vendido
Bandido
Tantos adjetivos
Para um menino
Foda
Rápida
Inconsciente
Pertinente
Inconstante
Arrepiante
Tantas qualidades
Para mente do menino
Ordinária
Involuntária
Volátil
Irresponsável
Boemia
Poética
Tantos nomes
Para vida do menino
Intenso
Lindo
Embrionário
Instigante
Profético
Súbito
Tantos fins
Para o último suspiro do menino
Meu castigo é ser eu mesmo
Olhar no espelho
Ver os mesmo olhos de sempre
O mel quente de abelhas operárias
Falar com a constante voz surda
Escutar o eterno questionamento
Andar sempre sobre estradas turvas
Sentar sobre a alma e derramar lágrimas
Inconformidade
O castigo de ser eu mesmo
Não sonhar solitário
Idealizar o coletivo
Levantar a cabeça
Mesmo incompreendido
Meus castigo
Para vocês, talvez, alívio
Procuro uma pequena revolução
Onde possa lutar
Que as armas cuspam palavras
Rajadas de idéias
Vôos rasantes
Sobre corpos inertes no campo
Levantem-se todos da ignorância
Sigam um grande capitão
Oh! Capitão
Meu grande capitão
Lidere minha pequena revolução
Cuspindo balas de verbos em carne
Proferindo bombas filosóficas
Levante dos mortos
Grandes soldados
Que liderem batalhas
E vençam a imensa guerra
Da minha pequena revolução
A loucura me partiu ao meio
Nem a fumaça do cigarro
Acalma meus anseios
Náuseas com todo esse cheiro
Mudança, novidade
Inércia, antiguidade
Confesso tenho medo
Essa dor toda
Da angustia no peito
O que será?
Como será?
Quando será?
O engolir frenético da fumaça
Um câncer
Para curar outro câncer
Confesso que tento
Mas ainda não consigo
Viver a totalidade
As conquistas
Derrotas
Empates
Confesso o desespero
A batalha é real
Minhas armas fantásticas
Mais sonho do que vivo
Confesso o pecado
A ânsia
A vontade
Falta de controle
Uma grande viagem
Morrer a cada segundo
Buscar imortalidade
Confesso: quero descer
Corro com o vento procurando o tempo que me escapou. Corro e perco tempo correndo contra o vento, buscando outros tempos, tempos que já não existem mais. Não há mais tempo, tudo arrastado pelo senhor do vento, o senhor das horas e dos segundos, que faz tudo rolar. Enquanto rolam as pedras, passam novos e velhos tempos, e eu ainda à buscar a compreensão do tempo.Como vento o tempo não pode parar, como vento ao tempo não posso dominar. Busco o tempo que perdi e perco, para o vento, o tempo que fico a procurar em desalento.
O que falta sempre é coragem. Coragem de dizer não, de dizer sim, de querer, de não querer. Falta coragem a todos de amar incondicionalmente, de tentar até o último suspiro. Falta a todos a insana vontade de lutar contra o moinho que nunca vai girar ao sabor do seu próprio vento. Mas com coragem ele pode girar em sentido anti-horário e destruir o dragão da covardia que consome nosso tempo. Nos consome em dúvidas e receios, nos consome em medo, medo mudar, de começar de novo, de assumir os erros. Para todos, coragem, muita coragem. Sintam-se corajosos, movam-se contra o vento, não ao sabor das ondas dessa massa de ar morno, paira inconscientemente na estúpida sensação de conformismo. Tenham coragem para quebrar o protocolo da vida moderna – dinheiro e estabilidade. Arrisquem dar bom dia, dizer te amo, abraçar e beijar todo ser vivo. Arrisquem-se a viver. O vento nunca vai para de soprar, mas o sopro da coragem é mais forte. Tenham coragem, a mais plena e pura coragem.
Fragmentado
Esquartejado
Meus pedaços espalhados
Um em cada lugar
Mas não sei em qual
Juntar
Colar
Depois que achar
Emendas serão muitas
Grandes cicatrizes
Profundas
Serei inteiro novamente
Costurado mas completo
Reformulado
Cada pedaço em seu lugar
Anjos e demônios
Cobras e lagartos
Deuses e mortais
Pássaros florescentes
Flores voláteis
Mentes insanas
Lembranças humanas
Que noite estranha
Que sonho louco
E você não estava lá
Não mais
Nem na hora do medo
Nem no minuto do riso
Será que algum dia esteve?
Alguém já esteve?
Sozinho com o pé no fogo
Queimo-me no jogo
Cartas marcadas
Que só um sabe o final
Não sei quem sabe
Nem sei se sei
Continuo
Tentando
Salve!
O sol insiste em acordar-me desse sonho bom. Os raios fracos, mas quentes, chamam para rotina, enquanto o vento diz que por hoje acabou. Até a próxima noite, até o próximo o sonho bom, até as próximas horas. Contarei cada segundo que falta para brincar feliz nesse sono profundo que conforta. E nesses segundos a palavra recorrente em meus pensamentos votará a gritar alto e pedir para essa paz: fica, só mais essa noite, fica.
Quando a alma toca o sorriso
E a boca fala ao coração
Não nos resta mais nada
A euforia toma conta da solidão
O mau se perde em bondade
Não nos resta mais nada
O sopro se torna tempestade de verão
A gota dilúvio de emoção
Não nos resta mais nada
O homem em deus
E deus o homem
Não nos resta mais nada
Aceitar
Acolher
Não nos resta mais nada
Vivos
Para sempre
Acorde para ver o sol
Desperte para não chorar
Abra os olhos para ver o céu
Levante-se para brilhar
No escuro faça-se a luz
Na ignorância, lucidez
Consciência, na embriaguez
Acorde para me ver chegar
Desperte para o que vou falar
Abra os olhos, uma nova visão
Levante-se, dê-me a mão
Somos poucos, somos loucos
Os outros
A re-evolução
Inconscientemente eu aspiro esse aroma psicotrópico do dia em que deixei de sofrer. Anestesiado só enxergo à frente, numa alucinação digna do ópio, mas consistente como as letras. Sei que não poderei viver desse “barato”, e que toda noite terei momentos da caretice reacionária, mas esse ópio da paz é bom para esquecer. Esquecer para lembrar. Lembrar para continuar. Continuar porque estou vivo e quem vive não pode parar. Lúcidos ou chapados todos temos que continuar. E quando chegar à total lucidez procurarei de novo sentimentos lisérgicos, pois adoro ver o mundo à rodar. Uma ciranda lunática na beira do mar, cantando para amar, dançando para Iemanjá.
As negras esferas rolam
Desviam-se pra longe
Fogem?
Em meio ao mar negro
Com ondas sinuosas
Esferas de mel se perdem
Procurando as negras
Que perdem o brilho
Rolam incessantes
Para todos os lados
Mas não buscam o mel
Fogem?
Perdem-se?
No brilho dos dentes serrados
O mel se derrama
Encontrem-se
Tornem-se
Novamente
O negro mel
O doce mel negro
Bem que disseram que era aqui
Demônios sempre rondam
Mentiras, verdades
Enxergo nos olhos
Espero que enxergue no meu
O que tenho não é ódio
Não combina o inferno
Deixe-me ir
Liberte nossas almas
Podemos achar o céu
Mas meu céu não é esse inferno
Não mereço arder
Esse fogo não precisa cuspir
Nem em mim, nem em você
Preciso voar
Sem seu peso em minhas asas
O fim não precisa ser aqui
Pode ser o começo
Pode ser o lado bom
Do lado ruim
Esse fogo não precisa cuspir
Não precisa queimar
Não irá arder
Basta querer
Hoje saio com os primeiros raios de sol, assim espero, ou com as primeiras gotas de chuva. Sinto-me meio como aquele poeta, do qual gosto tanto. Guardadas as devidas proporções, entendo hoje toda sua falta de rumo, e se não tenho toda aquela coragem pintada em azul e branco, tenho a mancha vermelha viva que pulsa no meio do peito. No pulsar do pistão do motor da única coisa que me restou vejo a euforia da solidão, olho para o caos da construção onde estou e percebo o vazio habitado por saudades, esperança, uma barata e algumas formigas. A fumaça e o atrito das rodas deve deixar pra trás tudo que não quero lembrar, e o que não quero pensar. No ciclo da circunferência de
Boddah senta feliz
Perde-se nos cabelos
Cabelos longos e negros
Belos Cabelos
Brilhosos e intensos
Cabelos de mãe d’água
Sinto falta de Boddah
Voltarei a vê-lo
Deixei que fosse
Agora tenho medo
Espero que Boddah volte
Ainda montando os cabelos
Compridos e negros
Belos e verdadeiros
Cabelos de mãe d’água
Sereia inexistente
Perdida em meus devaneios
Eu, a sereia e Boddah
Idealizador, criador e criatura
Sem uma ordem real
Apenas espero que voltem
Todos os três
Uma nova e santa trindade
Cinco minutos para um novo ano. Sento aqui com um cara foda, só nós dois, como sempre preferimos nos isolar do mundo. Falamos de tudo q aconteceu nos últimos trezentos e muitos dias, conto tudo, tudo que estou sentindo, ele faz o mesmo. Não comentamos nada, apenas escutamos um ao outro. Esse silêncio nos diz como estamos, vazios, esperando que um novo mundo nasça. Ambos esperamos por Carmem, cada um a sua doce e, ainda, inexistente, Carmem. Onde está Carmem? Leio novamente Cuenca e por mais que procure nas teclas do PC, nos números do celular, não consigo achar Carmem. Onde está Carmem? Preciso de Carmem.